INFORMAÇÕES DE MERCADO
Etanol ou gasolina? Um deles é mais vantajoso em 14 estados; veja com qual encher o tanque e o que esperar para 2024?
Dentre os 26 estados brasileiros, é mais vantajoso abastecer com etanol do que com gasolina em 14 estados e no Distrito Federal. Os dados são da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Abastecer com o biocombustível no lugar da gasolina é mais vantajoso quando o preço do etanol responde por até 70% do valor do combustível fóssil.
Etanol ficará ainda mais vantajoso em 2024?
Para Marcelo Bonifácio, analista de açúcar e etanol na StoneX, o biocombustível começou o ano de maneira atípica. “A paridade abaixo de 60% em São Paulo, na virada de dezembro para janeiro, é algo pouco comum. Normalmente, no período da entressafra, os preços tendem a subir, o que não aconteceu nesse começo de ano. Desde o começo de 2024, principalmente na segunda metade de janeiro, vimos os preços subirem nas usinas, mas, até então, no fim de 2023, os preços estavam em estabilidade ou em queda”, explica.
O analista diz que janeiro começou com um consumo muito forte, com as usinas sentindo esse cenário, com vendas bem elevadas, o que deve continuar.
“Devemos ter um ano muito forte de consumo de hidratado, por conta desse nível de paridade, e significa que pela demanda temos uma pressão de alta. Quanto à oferta, ela depende muito do desempenho da safra canavieira, que, apesar de uma quebra, deve ter volumes bons na comparação com outra safras, mas com um mix mais açucareiro, resultando em uma queda do etanol de cana, o que deve normalizar os estoques e ser um fator de alta para o combustível mais para frente”, finaliza.
Matéria de 21/02/2024
O projeto que pode interromper alta nos preços dos combustíveis e permitir autosserviço nos postos de gasolina.
De acordo com o senador Jaime Bagatolli, o PL 5.243/2.023, proposto pelo mesmo, vai amenizar a alta nos preços dos combustíveis e dará “mais flexibilidade e economia para os consumidores.
O projeto em questão busca adotar o modelo conhecido como “self-service de combustíveis“, que nada mais é do que o autosserviço nos postos de gasolina, onde o próprio motorista abastece o veículo. Mas o consumidor também terá a opção de escolher que o frentista faça esse trabalho, caso queira.
De acordo com informações da Agência Senado, o formato pode permitir o funcionamento de até 50% de bombas de autosserviço.
“O abastecimento tem se tornado mais seguro e menos sujeito a fraudes. Sendo assim, do ponto de vista da segurança, não há impedimento para que o consumidor abasteça seu próprio veículo de forma segura”, explica Bagatolli.
Self-service de combustíveis é proibido no Brasil
A ideia do senador pode parecer boa, mas, até então, fica impraticável devido à Lei 9.956, de 2.000, sancionada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Isso porque é proibido o funcionamento de bombas de autosserviço operadas pelo próprio consumidor em todo o território nacional.
A norma tinha o PL 5243/2023 objetivo de “proteger a saúde dos motoristas” e preservar o emprego de aproximadamente 300 mil frentistas, na época.
O projeto tramita na Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC). Se aprovado, o texto vai para análise da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), em decisão terminativa.
Fonte: Agência Senado Federal.
Brasil não tem plano definido para abrir mão de petróleo e gás.
Metas para emissões nacionais não trazem prazos de redução no uso de combustíveis fósseis.
No final de janeiro, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinou um acordo de cooperação com a Agência Internacional de Energia para acelerar a transição energética no país e no mundo. O Brasil, no entanto, ainda não tem uma data como meta para abrir mão dos combustíveis fósseis. Apesar de ter assumido junto à ONU (Organização das Nações Unidas) o objetivo de zerar as emissões líquidas de gases de efeito estufa até 2050, o país não definiu nem mesmo prazos intermediários para a redução do uso e produção dessas fontes de energia. A meta climática brasileira (conhecida como NDC, sigla em inglês para contribuição nacionalmente determinada), por exemplo, traça cenários de corte em emissões para toda a economia, sem tratar de prazos para setores específicos.
Além disso, o Plano Clima (Plano Nacional sobre Mudança do Clima), que deveria nortear ações de combate à crise climática, está defasado. Lançado em 2008 —muito antes do Acordo de Paris, de 2015—, o documento previa ações até 2017 e nunca foi atualizado. Um novo plano está sendo elaborado pelo governo federal, mas só deve ser lançado em 2025. Durante o último Fórum Econômico Mundial, o Ministro Alexandre Silveira disse apostar “que o petróleo ainda vai ser uma fonte energética importante entre 20 e 30 anos”. Essa perspectiva, porém, não integra oficialmente uma meta brasileira. “Não há ninguém que possa bater o martelo em quanto tempo a transição energética se dará de forma efetiva”, afirmou também em Davos. Nesse cenário, diz Natalie Unterstell, presidente do think tank climático Instituto Talanoa, “a nossa política hoje não é de transição energética”. “Ela ainda é, principalmente até 2030, de expansão desses combustíveis.” Ela ressalta que o Novo PAC demonstra essa disparidade. A maior parte dos R$ 565,4 bilhões previstos no eixo de transição e segurança energética do programa é destinada a combustíveis sujos: 64% do total devem ir para a indústria de petróleo e gás, enquanto apenas 12% para a geração de energia limpa. Além disso, pelo programa, a grande maioria dos recursos para petróleo e gás deve vir do Estado, enquanto a totalidade das verbas previstas para renováveis seria de origem privada. “Há uma retórica da transição energética, mas não tem recurso, não tem estratégia de investimento”, afirma a especialista. Os combustíveis fósseis são a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa no mundo. O setor de energia (que compreende, entre outras coisas, transporte e eletricidade) correspondeu a 75% de todo o carbono lançado na atmosfera em 2020. No Brasil, as principais fontes de emissões são o desmatamento e a agropecuária, com a energia ocupando o terceiro lugar. Isso acontece porque a energia elétrica brasileira vem majoritariamente de fontes renováveis (87% em 2022, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética). Esse índice cai para 47% quando se olha para a matriz energética como um todo – mas, ainda assim, é muito superior às médias mundiais. No planeta, apenas 28% da eletricidade e 15% da matriz energética total vinham de fontes renováveis em 2021, de acordo com dados da Agência Internacional de Energia. Porém, o Brasil é hoje o oitavo no mundo na produção de petróleo, 27º de gás e 29º de carvão —e planeja ir além. O plano energético brasileiro prevê que a produção de petróleo cresça 63%, e a de gás, 124% entre 2022 e 2032, segundo relatório de 2023. “É uma contradição brasileira, porque o Brasil avança bem na matriz elétrica, mas também não quer se comprometer com o abandono dos fósseis”, afirma Ricardo Baitelo, gerente de projetos no Iema (Instituto Energia e Meio Ambiente). Ele destaca que a vantagem de ter uma matriz mais limpa deveria ser aproveitada para avançar ainda mais nessa frente, ao invés de investir em fontes poluentes. “Já tem cenários mostrando que o Brasil poderia chegar a 100% renováveis na geração de eletricidade em 2035, que é uma missão basicamente de tirar o gás natural da matriz —tanto que o Brasil está com 93% de renováveis no momento”, diz, se referindo a um estudo da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, que apontou geração recorde de energia elétrica limpa em 2.023. Em nota, o MME (Ministério de Minas e Energia) afirma que a política climática nacional será detalhada no Plano Clima e que “a transição energética não é um processo de ruptura, de modo que o mundo ainda precisará de petróleo pelas próximas décadas”. A pasta diz, ainda, que entende que os recursos da atividade petrolífera são finitos e devem ser usados tanto para financiar projetos de transição e eficiência energética quanto para a manutenção das atividades econômicas, como saúde e educação. O ministério destaca também que foram feitos investimentos em programas de expansão dos biocombustíveis e leilões de transmissão de energia elétrica. “Desde 2023, o MME vem aperfeiçoando e implementando políticas aliadas a esses compromissos climáticos, sem perder de vista que esse processo não pode comprometer a segurança energética do país e impor um custo elevado da energia para a população e a economia”, diz o texto. O problema está longe de ser exclusividade nacional, já que diversos países —especialmente os economicamente dependentes de petróleo, carvão e gás natural— resistem a se comprometer com esse tipo de meta. No entanto, outros lugares têm adotado políticas que poderiam servir de modelo. A Espanha, por exemplo, determinou que a produção de combustíveis fósseis em seus territórios se encerre até 2042. Para garantir que isso aconteça, novas permissões de exploração e produção foram suspensas, subsídios ligados aos fósseis foram restringidos e a venda de veículos movidos a combustão será banida a partir de 2040. Outro país que vem sendo bem-sucedido é o Chile, que se comprometeu a acabar com a geração de energia em termelétricas a carvão até 2040 e vem fechando suas usinas fósseis mesmo em meio a uma demanda crescente por energia. Em tese, esse tipo de estratégia poderia estar contida no novo Plano Clima, que está sendo elaborado pelo Comitê Interministerial de Mudança do Clima, presidido pela Casa Civil e composto por 18 pastas. Serão apresentados 8 planos setoriais de mitigação (redução de emissões) e 15 planos setoriais de adaptação climática. “Teremos planos de todos os setores, inclusive o setor energético, para mostrar como é que a gente quer chegar nessas metas”, diz a secretária nacional de mudanças do clima do Ministério do Meio Ambiente, Ana Toni. “É importante dizer que o Brasil foi um dos primeiros países em desenvolvimento a assumir metas da economia como um todo, assim como é a obrigação dos países desenvolvidos. Então, o Brasil está à frente de muitos países em desenvolvimento [nessa postura].” Até 2025, no entanto, o país continua sem essa estratégia abrangente para definir medidas, investimentos e políticas climáticas, enquanto os investimentos em fósseis seguem avançando. Unterstell aponta que o argumento de usar os lucros obtidos com combustíveis fósseis para financiar a transição energética não faz sentido —principalmente, porque isso ainda não está acontecendo. “É um grande sofisma”, opina, ressaltando que o setor vem tendo lucratividade recorde desde o início da guerra da Ucrânia, mas esse dinheiro não se reverteu em investimentos massivos em energias limpas. “Essa discussão não é sobre justificar a abertura de novas fronteiras exploratórias para financiar, num futuro incerto, a transição energética. Esse debate é sobre o presente. Se esse argumento fosse real, ele estaria acontecendo agora. Todas as petroleiras estariam pegando esse lucro para investir na transição e isso não está ocorrendo”, afirma.
Fonte: Folha de São Paulo, 25 de março de 2.024.
“Novela” de impostos sobre combustíveis dura quase três anos e tem novo capítulo com alta no ICMS.
Em março de 2021, ainda sob Bolsonaro, se iniciou vai e vem, que tem novo capítulo com alta do imposto estadual sobre gasolina, diesel e gás de cozinha.
A nova alta do ICMS sobre gasolina, diesel e gás de cozinha, que vale a partir desta quinta-feira (1º), é mais um capítulo de processo com sequentes desonerações e reonerações que se estende há quase três anos no Brasil.
O aumento desta quinta-feira diz respeito a decisão de dez estados e do Distrito Federal de reajustar o ICMS para os produtos em geral a fim de compensar perdas de receita.
Na maior parte dos casos, os estados elevaram as alíquotas gerais de 18% para 20%. Como os combustíveis seguem um sistema diferente de tributação, os reajustes serão com valores fixos em centavos (o chamado ad rem).
O vai e vem de impostos
O vai e vem de impostos dura desde a gestão de Jair Bolsonaro (PL). O movimento iniciou em março de 2021, quando o então mandatário zerou alíquotas de PIS/Cofins para diesel.
A isenção teve fim em maio daquele mesmo ano. Desde então, foram inúmeras as movimentações.
Em março de 2022, foi sancionado por Bolsonaro uma lei que estabeleceu uma alíquota única de ICMS para combustíveis. A norma também zerou a alíquota da contribuição para o PIS/Cofins para o diesel.
Apenas dois meses depois, em junho, foi sancionada lei que limitou a cobrança do ICMS sobre produtos e serviços essenciais à alíquota mínima de cada estado, que varia entre 17% e 18%. Também foram zeradas PIS/Cofins da gasolina.
Na época o governo argumentava que as alterações tinham como objetivo equilibrar preços, que sofriam choques por variações no petróleo no exterior e do câmbio. Eventos como a pandemia e a guerra na Ucrânia eram recorrentemente mencionados pela gestão.
A oposição de Bolsonaro, durante o pleito presidencial de 2022, apontava relação entre as “benesses” e os objetivos eleitorais do mandatário.
No início do governo Lula, havia debate na gestão sobre a reoneração ou não, que se dividia entre motivações políticas e econômicas. A decisão foi, em março de 2023, pela reoneração parcial do PIS/Cofins sobre a gasolina.
Em 1º de maio de 2023, passou a valer a alíquota fixa do ICMS sobre o diesel, de R$ 0,94; em 1º de junho, sobre gasolina, de R$ 1,22. O novo modelo marcou a recomposição do imposto estadual e aumentou preços de combustíveis Brasil afora.
A partir de 1º de janeiro deste ano houve o retorno da cobrança integral do PIS/Cofins sobre o diesel, de 0,35 por litro — sendo que parte da reoneração já havia sido feira em setembro de 2023.
A política de preços
No governo Bolsonaro as desonerações foram justificadas pela gestão como contrapontos à variação internacionais de preços. Na época, a Petrobras obedecia estritamente ao PPI, modelo que espelha no Brasil os preços do mercado exterior.
Agora, no governo Lula 3, a perspectiva é outra: a Petrobras abandonou o PPI estrito para um modelo que garante mais flexibilidade para suportar a volatilidade de preços do exterior.
Após a recomposição das alíquotas, foram observado, em 2023, momentos em que os preços dos combustíveis no Brasil estiveram defasados em relação ao mercado internacional — ou seja, abaixo do praticado no exterior.
ICMS sobe
O reajuste desta quinta-feira é o primeiro do ICMS após a mudança de março de 2022. Anteriormente, o ICMS incidia conforme um percentual do preço total definido por cada unidade da federação. Agora, é cobrado conforme um valor fixo por litro.
Ao considerar o preço médio calculado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), o litro da gasolina subirá em média para R$ 5,71.
No caso do diesel, o valor médio do litro aumentará para R$ 5,95 (diesel normal) e mais de R$ 6 para o diesel S-10, que tem menor teor de chumbo.
Com um aumento de R$ 0,15, a gasolina subirá em média para R$ 5,71, considerando o preço médio do produto baseado na pesquisa de preços ANP.
Já o óleo diesel terá um aumento média de R$ 0,12, podendo chegar em média a R$ 5,95, e o Diesel S-10 poderá ficar acima dos R$ 6 por litro, em média.
No caso do gás de cozinha, o preço médio do botijão de 13 quilos subiria, em média, de R$ 100,98 para R$ 103,60.
Fonte: CNN